Retomada do abastecimento pressiona preços do milho

“Com a liberação das estradas, os caminhões retidos pela greve ou pela confusão que se seguiu começaram a chegar nas granjas e nas indústrias, reduzindo o seu apetite por matéria prima e, com isto, pressionando os preços”. É o que informa o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica.

Ainda de acordo com o especialista, os novos negócios ainda estão pendentes devido à confusão estabelecida pela nova tabela de fretes: “Ao que parece, terá uma primeira rodada de solução nesta quinta-feira, com a publicação na mídia [e sexta no Diário Oficial da União] de novos valores. Por isso os preços do milho permanecem estáveis ou com pequenas alterações”. 

“Contudo, isto não é necessariamente garantia de solução porque, de um lado, os caminhoneiros ameaçam com nova greve se for mexida a tabela acertada inicialmente e, por outro, todo o agronegócio está parado, inclusive entregas de milho, porque os fretes sofreram aumentos que vão de 35% a 150%”, ressalta. 

Pacheco acredita que vai ser difícil ao governo estabelecer uma linha satisfatória para todos os lados: “O cobertor é muito curto e o setor sofreu o que se poderia chamar de ‘estatização’, com o estabelecimento de uma tabela oficial de preços mínimos de frete, relativamente fácil de implantar e mito difícil de mexer ou de tirar depois”. 

“O que se tem a dizer é que, se esta solução demorar muito, as entregas de milho nas granjas e indústrias poderão voltar a estrangular o setor e, com isto, retardar ainda mais a retomada aos níveis normais pré-primeira-greve. Os índices do Cepea já registraram queda de -0,23% tanto para a B3 quanto para Campinas”, conclui. 

Agrolink