Poucas alterações nas cotações do milho

As cotações do milho em Chicago pouco se alteraram em relação à semana anterior, apesar do relatório baixista do USDA, anunciado em 10/08. O bushel do cereal fechou a semana em US$ 3,65, contra US$ 3,69 uma semana antes. Lembramos que o litígio comercial entre China e EUA pouco influi sobre o mercado do milho. Assim, o anúncio de uma reunião de concertação entre os dois países igualmente pouco alterou a rotina deste mercado específico.

Dito isso, o relatório de oferta e demanda do governo estadunidense indicou uma safra nos EUA de 370,5 milhões de toneladas para 2018/19 (início da colheita em setembro), contra 361,5 milhões em julho. Ao mesmo tempo, os estoques finais estadunidenses de milho, para o novo ano comercial, ficariam em 42,8 milhões, contra 39,4 milhões projetados em julho. Neste contexto, o patamar de preços médios aos produtores de milho dos EUA, neste novo ano 2018/19, ficaria entre US$ 3,10 e US$ 4,10/bushel. Já a produção mundial de milho foi elevada para 1,061 bilhão de toneladas, enquanto os estoques finais somariam 155,5 milhões de toneladas em 2018/19. A produção brasileira total foi reduzida para 94,5 milhões, enquanto a da Argentina ficaria em 41 milhões de toneladas. Segundo ainda o USDA, o Brasil exportará 29 milhões de toneladas no novo ano comercial.

Por outro lado, as condições das lavouras ficaram em 70% entre boas a excelentes, com redução de um ponto percentual sobre a semana anterior. Já na semana encerrada em 02/08 as vendas líquidas de milho por parte dos EUA atingiram a 554.500 toneladas, ficando 33% acima da média das quatro semanas anteriores. Para 2018/19 o volume atingiu a 657.700 toneladas. O mercado esperava, na soma dos dois anos, um volume total entre um a 1,4 milhão de toneladas.

São esperadas boas chuvas para esta segunda quinzena de agosto nas lavouras de milho estadunidenses, fato que deve consolidar uma safra cheia. Assim, por enquanto não há fato novo que possa fazer a especulação adotar uma posição altista consistente em Chicago.

Aqui no Mercosul, a tonelada FOB de milho fechou a semana valendo US$ 170,00 na Argentina e US$ 142,50 no Paraguai.

E no Brasil, os preços do milho se mantiveram estáveis, com o balcão gaúcho fechando a semana em R$ 35,74/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 42,50 e R$ 43,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes giraram entre R$ 25,00/saco em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 42,00/saco em Videira, Concórdia e Campos Novos (SC).

Na prática, o mercado pouco mudou durante esta semana. Os preços continuaram com viés de alta em várias regiões do país, pois há evidente dificuldade na aquisição de milho por parte da demanda. Em São Paulo, por exemplo, os produtores não fixam vendas mesmo com a alta ocorrida no balcão. Assim, o referencial Campinas chegou ao patamar de R$ 45,00/saco CIF no disponível. 

Ao mesmo tempo, o Real voltou a se desvalorizar de forma mais consistente, devido à crise na Turquia desta feita, o que auxilia em tornar nossas exportações de milho mais competitivas. Aliás, como estamos alertando desde o início do ano, o restante de 2018 será de grande volatilidade cambial em função da proximidade das eleições e da indefinição quanto a possíveis ganhadores da mesma.

Durante a semana o mercado cedeu um pouco, em uma acomodação considerada normal diante das fortes altas passadas, com o CIF Campinas fechando em R$ 42,50/saco, enquanto a Sorocabana paulista ficou em R$ 41,00. Registra-se um bom ritmo de embarques para milho do Mato Grosso e Goiás para outubro e dezembro.
Por outro lado, com a manutenção de preços elevados na soja, não se vislumbra aumento de área a ser semeada com milho na safra de verão. Pelo contrário, mesmo com preços mais firmes, o cereal corre o risco de ter sua área reduzida.

Quanto às exportações, o Brasil embarcou 1,22 milhão de toneladas de milho na primeira quinzena de agosto, com nomeações de navios chegando a 4,1 milhões de toneladas para todo o mês. Ou seja, o ritmo das vendas externas começa a melhorar consideravelmente.

Para que ocorram baixas nos preços do milho nacional é preciso que o produto surja no mercado de forma continuada e consistente, algo que não está ocorrendo. Neste contexto, para as próximas semanas o viés de alta nos preços do cereal deve continuar, salvo alguma surpresa.

Enfim, vale ainda destacar que a colheita da safrinha de milho, até o dia 10/08, atingia a 85% da área semeada, contra 81% na mesma época do ano anterior, caminhando, portanto, para o seu final.

CEEMA / UNIJUI