Estoque de passagem de milho pode chegar a 3 milhões

SÃO PAULO, 7 de maio (Reuters) - A boa produção de milho na segunda safra este ano vai fazer com que o Brasil tenha um estoque de passagem de 2 milhões a 3 milhões de toneladas, sem que ocorram os problemas de abastecimento enfrentados no ano passado, estima a Associação Brasileira da Indústria do Milho (Abimilho).

"As condições climáticas continuam excelentes e deveremos ver um ganho de produtividade de aproximadamente 10 por cento na comparação com a safra anterior", disse à Reuters nesta quarta-feira Nelson Kowalski, presidente da Abimilho. "Acredito que iremos voltar, a partir deste ano, para uma situação regular de oferta e demanda", afirmou Kowalski.

Nos últimos dois anos o Brasil enfrentou problemas com o abastecimento de milho, devido a quebras de produção e ao aumento das exportações, que foram estimuladas pela valorização do dólar frente ao real.
A indústria processadora de milho e o setor de produção de frangos e suínos precisaram recorrer mais fortemente à importação de milho, principalmente em 2002. Mas o cenário parece mudar.

"O crescimento das áreas de soja e a conversão de algumas áreas de pastagem para a agricultura levam também ao aumento da produção de milho, já que os produtores precisam fazer a rotação de cultura. A tendência é termos cada vez volumes maiores de milho safrinha, o que vai equilibrar o mercado", disse Kowalski.

A produção de milho na segunda safra (março a julho) deve chegar a 8,9 milhões de toneladas em 2003,
volume 30 por cento maior que o registrado em 2002, segundo a Conab. Com isso, a produção total de milho em 2002/2003 deverá ficar em 40,7 milhões de toneladas, 16 por cento superior à safra anterior.

Kowalski diz que a queda do dólar em relação ao real também é um fator que fará com que mais milho fique no mercado interno, já que a competitividade internacional do produto brasileiro fica reduzida. A Abimilho lançou recentemente um projeto para elevar o consumo humano de milho no Brasil, com várias ações de marketing em pontos-de-venda de produtos feitos à base de milho e também em escolas.

A instituição quer elevar o volume de moagem de 4,2 milhões para 5 milhões de toneladas em um ano. A promoção de alimentos como flocos de milho é uma das estratégias da entidade.
 

Agência Reuters