Cotações do milho em Chicago romperam o teto dos US$ 4,00

As cotações do milho em Chicago romperam o teto dos US$ 4,00, fechando a quinta-feira (24) em US$ 4,04/bushel, após US$ 4,08 na véspera e US$ 3,95 uma semana antes. Este movimento foi motivado, principalmente, pela forte elevação nas cotações do trigo em Chicago.

Na verdade, o mercado está ignorando o excelente avanço no plantio do milho nos EUA e as condições de clima positivas até o momento naquele país. Todavia, já existem algumas preocupações com a perspectiva de clima quente e seco para o mês de junho sobre as regiões produtoras do cereal. Como se sabe, neste período é o mercado do clima nos EUA que rege os movimentos em Chicago.

Auxiliou a puxar para cima as cotações do cereal o fato de que as exportações avançam bem. As vendas líquidas de milho, para o ano comercial 2017/18, somaram 985.700 toneladas na semana encerrada em 10/05, ficando 15% acima da média das quatro semanas anteriores. 

Quanto ao plantio do cereal nos EUA, até o dia 20/05 o mesmo atingia a 81% da área esperada, estando dentro da média histórica.

Outra preocupação tem sido o clima seco nas regiões da safrinha brasileira, além da possível valorização do dólar nos EUA, fato este que tiraria competitividade dos produtos estadunidenses no mercado mundial.

Na Argentina, a tonelada FOB de milho fechou a semana em US$ 193,00, enquanto no Paraguai a mesma se manteve em US$ 185,00.

Aqui no Brasil, os preços arrefeceram um pouco devido a valorização do Real depois de importantes intervenções do Banco Central. Com o câmbio vindo a R$ 3,63 por dólar em alguns momentos da semana, a exportação perde um pouco de entusiasmo. Mesmo assim, os negócios chegaram a bater em R$ 42,00/saco para a safrinha no porto de Santos, pois as perdas com a mesma podem ser importantes.

Além disso, as chuvas deste último final de semana foram poucas na maioria das regiões produtoras e algumas geadas se fizeram presentes. Por outro lado, a meteorologia indica novas geadas para os primeiros dias de junho, fato que poderá prejudicar as lavouras da safrinha em muitas localidades.

Neste contexto, a volatilidade do mercado continua grande já que, além do câmbio e do clima, o Brasil viveu nesta semana forte greve dos caminhoneiros, fato que atingiu o abastecimento de insumos e complicou o transporte do cereal em particular.

Assim, o preço médio de balcão, no Rio Grande do Sul, fechou a semana em R$ 35,59/saco, enquanto os lotes registraram R$ 42,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 24,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 43,00/saco em Videira (SC). No porto de Santos, com a revalorização parcial do Real, a safrinha fechou a semana cotada em R$ 40,50/saco para agosto e setembro. Na Sorocabana paulista ofertas entre R$ 42,00 e R$ 43,00/saco, enquanto o referencial Campinas ficou entre R$ 45,00 e R$ 46,00/saco no CIF disponível.

Vale destacar que analistas privados já revisaram para baixo a safrinha nacional, indicando que o Centro-Sul brasileiro colherá 48,8 milhões de toneladas, ante 59 milhões esperados no início do plantio e contra 67,4 milhões colhidas no ano passado. Assim, em relação ao último ano o recuo é de 27,6%, fato que deverá manter aquecido os preços do cereal. No Paraná, o recuo em relação ao ano anterior será de 51,6%, com a safrinha atual ficando em apenas 7,4 milhões de toneladas. Em São Paulo a queda será de 52,2%, com a produção final devendo atingir a 1,48 milhão de toneladas. No Mato Grosso do Sul o recuo atingirá 40% (colheita estimada, agora, em 6 milhões de toneladas); Goiás terá perdas de 15% (colheita de 8,5 milhões de toneladas); Mato Grosso redução de 11,3% (colheira estimada em 23,6 milhões de toneladas); e Minas Gerais perdas de 23,9% (colheita esperada em 1,75 milhão de toneladas). As perdas na produtividade média no Paraná e em São Paulo variam entre 11% e 35%. Além disso, a área semeada no Centro-Sul brasileiro sofreu uma redução maior do que o esperado inicialmente, com um recuo de 9,6% sobre o ano anterior (cf. Safras & Mercado).

CEEMA / UNIJUI